“Demiti médicos porque tinha em excesso”, diz prefeito de São João de Meriti

Sandro Matos é prefeito de São João de Meriti Foto: Mazé Mixo / Extra
Meses depois do início da crise financeira de Meriti, o prefeito Sandro Matos (PDT) ainda não quitou a dívida com os servidores, mas se mostrou otimista. Ele admitiu erros na comunicação com a população e anunciou que chegou a demitir médicos porque, segundo ele, a cidade tinha profissionais em excesso. Formado em Administração, Matos, de 44 anos, afirmou que pretende tirar um tempo para curtir os filhos quando terminar o mandato.
O senhor chegou a dizer que havia uma redução dos repasses estaduais e federais para a prefeitura. Como está agora?
O estado está com problema sério, cortou 30% do investimento. O governo federal também. Meriti foi o primeiro município a ter dificuldades financeiras. Falei que os outros teriam. Não tinha como ser diferente. A conta começa a não fechar. Chegamos a ter três salários atrasados. Mas pagamos em dia fevereiro. Colocando em dia, começa a dar mais tranquilidade. Na hora que mexe no financeiro do servidor, fica difícil estar de bom humor para atender o cidadão. Adiantamos o dos aposentados, mas ainda está um pouco mais atrasado. O décimo terceiro foi pago a todos. O problema é que tem muita informação falsa. Nos empréstimos consignados, foi feito um acordo com a Caixa. Já pagamos algumas parcelas.
O senhor chegou a exonerar todos os comissionados (70% do total). Quantos foram readmitidos? A medida foi correta? No Posto Aníbal Viriato, o programa de DST/Aids ficou sem médicos, por exemplo.
O cargo em comissão não é necessariamente para quem vem de fora, ele pode ser acumulado por um concursado, por exemplo. Então não dá para dizer o número certo dos que voltaram, mas posso garantir que a maior parte não voltou. Na Saúde, implantamos ponto biométrico para marcar a presença de todos os funcionários. Alguns médicos não estavam trabalhando e não gostaram disso. Como você tem mau advogado, jornalista, político, tem mau médico que gosta de dar volta no sistema. Como consegui eliminar os profissionais ruins e ficar apenas com os bons — ou seja, aqueles que aparecem sempre para trabalhar — pude eliminar as vagas que tínhamos de sobra para o caso de faltas. Assim, mês passado reduzimos a estrutura, que estava em excesso. Com isso, fizemos uma economia tão significativa que conseguimos mudar a faixa salarial do médico, que passou a ser a melhor da Baixada Fluminense. Sobre o Aníbal Viriato, a informação que eu tenho é que todos os serviços ficaram mantidos, só que defasados.
Os profissionais da educação reclamaram da qualidade da merenda. O senhor é investigado pelo STF por superfaturamento e, agora, foi multado pelo TCE pelo mesmo motivo. O que tem a dizer sobre isso?
O problema é político. O Sepe está com eleições internas e passou a falar que as escolas servem angu e ovo. Quando você vai falar com os pais, vê que não é verdade. Na parte da merenda, nada é feito sem a aprovação do conselho de alimentação escolar. Já as denúncias feitas têm um problema: não se pode comparar o preço de mercado com o que a prefeitura paga. No nosso preço, está incluída a logística.
O lixo é outra questão importante. A coleta é precária. Por que a situação está assim?
Nosso problema é com entulho, que não é responsabilidade da prefeitura. Com o lixo, temos apenas casos pontuais e tentamos corrigi-los. E é uma questão cultural: no passado, os pais ensinavam os filhos a jogarem sacolas na esquina e depois alguém tacava fogo. Isso mudou, mas as pessoas ainda jogam lixo no dia e no local errados.
No primeiro mandato, o senhor era bem avaliado. Com o passar do tempo, sua aprovação caiu e antigos aliados deram as costas. Sente-se traído?
Sim, me sinto traído. Mas não vamos entrar nessa questão. Fiz reunião com secretários para falar que não estamos bem avaliados. Mas hoje a situação está melhor do que antes, e daqui a oito meses estará ainda mais. Qualquer um pode chegar ao fundo do poço, mas poucos vão sair. Quem quiser sair me dê as mãos, porque estou indo. O que falta é informação correta para sociedade ver que não tentamos fazer nada de errado. Falhamos com a comunicação. Vamos entregar mais duas escolas e mês que vem vamos reabrir a UPA.


Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/demiti-medicos-porque-tinha-em-excesso-diz-prefeito-de-sao-joao-de-meriti-15699683.html#ixzz3Vc4PobTR

Busca

Visitas
1376353